Para onde foi
aquela coragem? Aquela gana de ser atirado. O jeito impulsivo e ousado. Parece
que ficou à margem do rio da existência que passa sem clemência e leva a
inocência para longe daqui.
Quisera voltar
no tempo e vasculhar os momentos em que a aparência correspondia à essência de
um ser destemido e vital.
Um passo em
falso foi duro. Como um golpe abrupto que trouxe para a luz o escuro. E apagou
o brilho mais puro de um ser diferencial.
E de repente
chegou a mesmice. Aquela velha chatice de em tudo perceber a idiotice que é
repetir um proceder normal.
Nada mais
desumano esperar que igualar pensamentos seja um alento para os corações
sedentos por algum ideal.
Ser diferença é
fazer a experiência de que é nobre cada existência.
A essa altura a coragem nada contra a força do rio
para voltar à nascente. E ser força recorrente neste mundo de histórias tão
desiguais. (Thiago Camara)
*Texto livremente inspirado no filme Histórias Cruzadas (The Help). Um dos melhores que já vi em toda a minha vida.
Foram só dois
dias do feriado da Semana Santa, mas que pareciam uma semana inteira. Saí cedo de casa, muito antes de esperar
o sol nascer. A “Cidade Maravilhosa” ainda acordava e eu me preparava para
iniciar uma Mega Missão com a Juventude Missionária. Imitar Jesus Cristo e seus
apóstolos na alegria, na assistência e no contato com seu povo, mais
especificamente o de Araruama, litoral do Estado do Rio.
O clima no
ônibus ainda era devagar como se os missionários estivessem guardando forças
para os dias que se seguiriam. Seus gestos eram espontâneos, suas faces
alegres, o jeito de falar, simples. Estavam ali em busca de algo mais. Iam além
da rotina dos grupos e movimentos da paróquia. Falar de Jesus era um
privilégio. E lembrá-lo em meio aquela Semana Santa era fazer memória de sua
Paixão, Morte e Ressurreição.
Alguns
missionários ficaram à margem da Lagoa de Araruama. O cenário não poderia ser
mais bíblico. Fechava os olhos e imaginava que ali Jesus poderia ter caminhado
com seus discípulos e numa daquelas barcas, na areia, subido para pregar aos pescadores.
Outros foram levar a palavra libertadora de Jesus ao cárcere humano de um
lixão. Os relatos de que haviam moscas e urubus disputando espaço com os
catadores de lixo me deixaram perplexo. Mas na coragem dos missionários que ali
estiveram, vi a presença real do Cristo. Ele que visitava lugares e pessoas que
a maioria desprezava, não deixaria de estar com aquele povo mesmo em meio a
tanta sujeira.
Nas visitas às casas e nas celebrações nas
capelas e na Matriz de São Sebastião, a alegria e acolhida aos missionários era
experimentada. As histórias de vida eram inúmeras. O sofrimento, presente em
todas elas. E a fé na certeza de que naqueles dias aquele povo ainda ia
experimentar a Ressurreição.
Missionários "loucos" por Jesus na Praia do Hospício
Na Vigília
Pascal, depois de exaltarem o Cristo Ressuscitado através do Hino de Louvor
(Glória), os que esperaram o cumprimento da promessa, viram e sentiram uma
verdadeira “Chuva de Graças”. O Deus fiel deu uma clara demonstração de amor ao
seu povo. A resposta só poderia ser de extrema alegria como se viu ao final da
celebração, em plena praça, em frente à Igreja. Jovens de todas as idades
pulavam, cantavam e dançavam a certeza de que o seu Jesus é um Deus de Mega
bênçãos, Mega projetos, Mega amor, Mega doação e Mega serviço.
Por tudo isso,
nossos olhos precisam brilhar a luz de Cristo vivo!
Coragem
Missionário!
Obrigado Juventude Missionária,
Thiago Camara
Neste vídeo você vai conhecer o serviço da JM na Semana Santa 2012!
O entardecer na Via Appia Antica, em Roma, Itália (Foto: Thiago Camara)
A vida não
admite ensaio. Ela acontece. E precisa de gente que queira fazê-la acontecer. É
permeada de sentido e espalha o riso de quem a soube entender. Não se limita ao
espaço físico e ecoa para além das ilusões. É concreta e quer gente reta que
não faz do seu dia-a-dia uma grande encenação.
A vida acolhe os
sofridos e estimula os indecisos a seguir sem hesitação. É fonte de alegria e
esperança, na certeza que o grito pode extravasar a opressão. É o sorriso da
criança, é o passo da dança que traz à tona a lembrança guardada em algum
porão.
A vida é feita
de escolhas. Ninguém pode se eximir daquilo que lhe cabe. É como a folha que
nasce para ser sombra, mas precisa do caule para lhe sustentar. É a partilha vivida, é a companhia expressada,
o olhar de estímulo e a carícia declarada.
A vida tem suas
consequências. Um dia ela cobra de volta o que a gente lhe fez. É cercada de erros e acertos. Pode renovar a
inocência e revelar que a essência é muito mais valorosa que a aparência.
A vida não tem “replay”.
É de cenas únicas e raras que precisam ser aproveitadas em cada instante, senão
passa. Morre e deixa de ser vida. (Thiago Camara)