Eu vi aquela águia
enorme adentrando a Marquês de Sapucaí, no segundo dia dos desfiles 2015. Suas
asas abertas acolhiam o público que retribuía com empolgação. Arrepiado, pensei:
“Que entrada triunfal. Essa é a Portela campeã”.
Imponente,
luxuosa e cariocamente cativante. Numa mistura de modernidade e tradição, a
Portela desfilou majestosa. Os membros da escola já faziam sentir que seria um
carnaval diferente nos ensaios na quadra quando entoavam: “tão bela! Orgulhosamente
a Portela”.
A
cada setor que passava o lindo samba-enredo da azul e branco de Madureira
emocionava. E foi já no final da avenida pouco antes da Praça da Apoteose que,
na minha opinião, a Portela se consagrou campeã de um carnaval que não levou.
Aquela
gigantesca águia redentora de asas abertas fez da sua coreografia o clímax do
desfile. Para passar pela torre de imprensa, a alegoria foi abaixando,
abaixando e o público vibrando, indo ao delírio, torcendo. E este repórter impactado, se viu vibrando junto, deslumbrado com tamanha genialidade de fazer do Carnaval essa necessária
interação com sua platéia.
Meu
coração meio Salgueiro, meio Mangueira, hoje respeita e admira a Portela. Eu vi
uma campeã se consagrar na avenida. Vi um desfile triunfal. Vi uma escola
buscar o tão esperado título. Vi esforço, vi alegria, vi carnaval de verdade,
com samba no chão e na voz. Mas os jurados não viram... Talvez não tenham
assistido o mesmo desfile que eu vi.
Thiago Camara é jornalista e trabalhou no Carnaval 2015 fazendo a cobertura dos Desfiles do Grupo Especial para o Portal IG.