Pai e filho relembraram os sucessos do disco dos Novos Baianos de 1972 |
A rua era a Dias
da Cruz, Zona Norte carioca, mas parecia a baiana Praça Castro Alves. O som era
da década de 70. Intenso, leve, alegre, daqueles que ecoam pelas memórias da
vida. No palco, um velho e eterno novo baiano: Moraes Moreira.
No sábado, 9 de
março, o show em comemoração pelos 40 anos do disco dos Novos Baianos – “Acabou
Chorare” – levou uma catarse musical, ao novo Imperator (Centro Cultural João Nogueira), no Méier. Sucessos se
enfileiravam no set list, de “Besta é tu” a “Preta, pretinha”, passando por “Mistério
do Planeta” e “Brasil Pandeiro”. Ao lado de Davi Moraes, seu filho, Moraes
esbanjou vitalidade e energia para cantar a Bahia.
“Pede para ele
cantar uma musiquinha ruim. Tô cansado de tanta música boa”, afirmou, irônico e
perplexo, meu irmão, companheiro desta jornada musical.
Durante o show,
era como se o Farol da Barra estivesse ali, iluminando aquela noite. Como se as
ladeiras do Pelourinho se materializassem com sua magia e alegria. O trio
elétrico pedia passagem convidando aquela gente bronzeada a mostrar o seu
valor. E foi o que Moraes Moreira fez: um grande Swing de Campo Grande, com a
guitarra afinada e potente de Davi que protagonizou um dos melhores momentos da
apresentação ao mostrar a força do “Maracatu Atômico”, e só no instrumental. Com direito a descida do palco para uma performance junto à plateia. Foi
uma breve ponte entre o Rio e o Recife, ao lembrar de Chico Science e sua Nação
Zumbi. A ausência da voz de Baby do Brasil foi sentida em “A menina Dança” e
“Tinindo Trincando”. Mas a força da interpretação de Moraes e Davi deixou as
lembranças de lado.
A parte técnica
do Imperator contribuiu e muito para a qualidade da apresentação. Som e luz
impecáveis também ajudaram a fazer o show ser memorável. A presença de um
espaço cultural como este, em plena Zona Norte do Rio, mostra a importância de
investimentos fora do eixo Centro-Zona Sul.
Influenciados
pelos tropicalistas, surgiram os Novos Baianos nos anos 70. A Bahia ganhou o Brasil.
O Brasil viu sua brasilidade ser reforçada pela intensidade, alegria e qualidade
da música baiana. E naquela noite de 9 de março, o Méier foi a Bahia. Não se
sabe bem se ela que veio a ele ou vice-versa. O que não se pode negar é que foi
uma noite inesquecível de reverência ao melhor do Brasil.
(Thiago Camara)
(Thiago Camara)
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