Alguns de nós
nascemos com várias exclamações. Outros vêm ao mundo por um caminho de
reticências. Não sabem bem se chegam ao próximo parágrafo de suas vidas. Ou se
seus criadores o querem ver finalizar o enredo que mal começaram a esboçar.
E seguimos
rascunhando nossas linhas, entre vírgulas e filosofias de uma receita que não
pode ser vendida como solução para a felicidade pretendida. Os períodos
precisam ter coerência, nem sempre concisão. Às vezes somos alertados por dois
pontos que explicam o que precisa ser essencial. Separamos as sílabas fortes
para os dias em que perdemos nosso norte.
Nada é muito
normal na gramática da vida. As regras
podem e devem ser subvertidas. Com trema ou sem ele, nós somos responsáveis
pelos fonemas que compartilhamos e devemos acolher suas conseqüências. Uma
letra errada numa palavra amarga só precisa de borracha para tornar-se alva e
gentil. Um aposto imposto não pode ser suficiente para conquistar um leitor
desatento e ao mesmo tempo curioso.
Diretos,
intransitivos ou indiretos os verbos revelam a ação do sujeito sobre seus
objetos. Mas são os pontos que indicam o próximo passo. Se for pra terminar
enfia logo um final. Se for continuar, mete uma exclamação e não segura a
emoção. Se a dúvida pairar, não hesite em interrogar. Agora se for pra deixar
no ar... Só mesmo os três pontos para deixar em aberto isso aqui, até que
alguém venha e queira continuar... (Thiago Camara)
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