terça-feira, 31 de julho de 2012

O Grande Encontro




Fazia alguns anos que não se demorava naquele lugar. Tinha feito escolhas que o levaram a um universo muito peculiar. Era como se vivesse num castelo, preso, acabrunhado, deslocado. Sentir aquele cheiro o renovava. Ouvir aqueles sons o remetia à sua idade mais livre. Estar ali o enchia de poesia. E sua alma de tão cinzenta se coloria a cada segundo ali estático.


Seus pensamentos vinham intensos e mansos. Tinha a chance de trazer sua vida de volta ao rumo que um dia descarrilou. O peito estufava a cada respirada e logo os olhos eram preenchidos de lágrimas. As águas salgadas desciam com um misto de arrependimento e esperança. Vivia um novo encontro. 


Havia abandonado um grande tesouro. Negara todas as alegrias e vivências compartilhadas por longos anos de convívio. Foram promessas cumpridas, vitórias divididas, lutas combatidas e tudo isto tinha ficado ao largo de sua vida. 


Ouvia uma voz interior dizendo: “sempre é tempo de recomeçar”. Pensava que de tão clichê esta afirmação poderia lhe ser útil neste momento de reencontro. Era a oportunidade de dar uma chance à coragem que estava adormecia dentro de si. 



Ele estava ali diante dos seus olhos. Imenso, infinito, profundo e manso. Parecia que estava à espera do seu passo. Ansioso por recebê-lo mais uma vez em seus braços. O mar tinha todo um jeito de fazê-lo sentir-se mais perto de Deus. Era como se o Criador tivesse preparado aquele cenário para falar novamente do seu amor. 



Lançou-se, então, com destemor. Rumava para mais longe e seguia sem hesitar. A liberdade de ali estar, o consumia. Sentia o sol pulsante a lhe esquentar. Lembrava de como era sua história antes de se afastar do seu melhor amigo. A alegria, enfim, voltava ao seu lugar. A esperança varria seus cabelos com a força do vento a soprar. 


Naquela manhã, era como se Deus tivesse se personificado naquele mar para trazer seu filho de volta ao caminho. Não podia mais deixar de contar com aquele que um dia o ensinou a ser também pescador de homens. As ondas batiam com mais fervor. O vento soprava um novo impulsionar. E o sol iluminava seus pensamentos com fé e poesia. Vivia um novo encontro. Mas este era como se fosse o grande encontro. (Thiago Camara)

2 comentários:

  1. Muito bom seu texto. Você tem um quê de poeta, meu irmão, e isso dá um gosto especial à sua produção. Eu, por exemplo, ao lê-lo, conseguia sentir os mesmos sentimentos...
    Tenho orgulho de dizer que o tenho como amigo!
    Parabéns! E que vc cada vez mais nos brinde com seus preciosos textos!

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  2. Obrigado pelas palavras de incentivo!! Grande abraço e paz para nós!

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