Em
Fortaleza, a seleção brasileira venceu o segundo jogo na Copa das Confederações.
Mas o placar de 2 a
0 em cima do México, não foi o mais importante. Mais uma vez manifestações
tomaram o país. O entorno do estádio Castelão não ficou imune. 50 mil pessoas
participaram do ato de protesto contra corrupção nos gastos com os estádios. Segundo
o estudante, Lucano Lobo este foi o maior ato que ele já participou, na capital
do Ceará. Leia o relato feito por ele abaixo:
“A galera começou a se
concentrar no Makro, antes das 10h da manhã. Eu e alguns amigos chegamos lá era
pouco mais de 11h e já tinham cerca de 5 a 6 mil pessoas. Tentamos esperar até às 12h,
como ficou marcado a ato de sair, porém a galera agitou muito, muito, muito e
acabamos indo.
Passamos por uma primeira barreira só da AMC (Autarquia Municipal
de Trânsito Serviços Públicos e Cidadania), um órgão que cuida do trânsito. Antes
mesmo da gente passar, eles retiraram os carro do caminho.
Logo quando chegamos na linha
com a cavalaria, eu estava mais afastado da linha inicial. A marcha ficou estagnada. Foram palavras de
ordem para lá e para cá... Por quase 30 a 40 minutos, houve muita agitação. Ao final
deste tempo, uma palavra de ordem pedia à cavalaria para recuar. Ela recuou
para trás do choque, a gente avançou mais alguns metros. Alguns amigos meus,
nesse momento, estavam na frente e relataram que o choque tava provocando a
galera, apareceu um esquentado e a gente ouviu o primeiro tiro. Todo mundo se
calou, prestou atenção, o povo da frente começou a correr mais para trás.
Depois eram começaram a ser lançadas de 15 a 20 bombas de gás por vez.
A gente avançava, dispersava, se reorganizava e voltava ao ponto onde o choque
estava. Isso tudo ocorreu ao lado de algumas casas, a galera subiu no telhado e
começou a jogar pedras. O choque recuou. Quando a gente avançou, eles começaram
de novo e encurralaram uma galera que correu para uma ‘ruazinha’. Neste local tinha
um carro da AMC, e a galera virou o carro e, ou ele pipocou sozinho ou botaram
fogo nele. Não deu para ver direito.
Entre 13h30min e 14h, os
torcedores do jogo começaram a chegar. Neste
instante, o choque parou de jogar bomba de gás, mas partiu para o cacete de
quem tentasse passar, e eles eram 300 (no início), além de um ônibus que chegou
nessa hora. Com isso, e não conseguindo mais avançar, a galera partiu pela Rodovia
BR 116 onde havia uma longa caminhada até a próxima barreira policial... Eu,
particularmente, andei até às 16h, hora que o jogo começava. Uma
companheira nossa começou a passar mal, não havia comido direito + gás
+desespero+uma doença que ela ainda não tinha curado direito. Conversamos com a
polícia estadual daqui, que estava fazendo o apoio e fomos para um hospital,
quando eu cheguei lá o jogo tinha começado.
Conversando com outras pessoas, parece que a barricada final
foi a mais agressiva. O jogo já estava acabando e eles queriam dispersar mais
rápido. As balas de borracha que eram poucas, até antes, foram grande maioria,
as bombas de efeito moral foram lançadas por helicópteros e etc...” (Lucano Lobo*)
*Lucano Lobo é
estudante da Universidade Federal do Ceará e escreveu seu relato para este
Blog.
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