sábado, 23 de novembro de 2013

Mudar o tom da canção



Quando a vida desafina e nada mais parece um belo e agradável som. É preciso ter coragem pra mudar o tom. Ajustar as notas, entoar novos acordes e seguir na canção. Um compasso bem marcado, nem sempre revela a harmonia de um tempo suave que ressoa pelos ares agradando mentes e corações. Um compasso desajustado pode ser só um pretexto para que a harmonia volte a impulsionar uma multidão.

O tinindo do diapasão ajuda o ouvido a sintonizar razão e emoção. O passo seguro nem sempre é certeza de exatidão. Pode ser aberta ou fechada, uma nota traz beleza e imensidão. Se um dia a gente acorda com dó de si mesmo. Sabe que no outro vem a certeza do sol que brilha mesmo tendo um ré teimando em voltar pra escuridão.

Quando tudo parecer perdido. Quando não houver mais sentido. Quando o som não soar bem, as notas saírem com ruídos e os músicos não quiserem mais cumprir seu ofício, ainda haverá um lá de esperança, um sol na lembrança de um mi daquela alegria escondida num faro de quem reconhece as curvas da vida.

O segredo pode não existir, mas o incentivo virá, donde talvez nem se possa esperar e uma voz segura vai entoar: Faça-se de si um mi maior num lá menor de rancor, tristeza e solidão. E cresça-se num ré maior onde um si menor te espera para desfrutar de um eterno sol maior a embalar sua história-canção. (Thiago Camara)

domingo, 17 de novembro de 2013

Ele, Ela e o Mar




Chegava apressado, como se o tempo o desafiasse a correr além do seu ritmo. Pensava estar atrasado para cumprir seu compromisso. Dias e noites passaram e a razão sugeria que o melhor era desistir. O coração alertava que o rumo certo era seguir. E assim o fez.

Diante daquela imensidão viu seu rosto relaxar. O vento bagunçava-lhe os cabelos. As pernas sentiam-se envolvidas pelo ar. E suas mãos suavam daquela ansiedade de esperar.

Avistou de longe um vulto. E, logo, ficou mudo. O silêncio o impedia de continuar. Teve receio de um passo em falso dar. Imaginou o que seria se tivesse voltado a toa àquele lugar.

Recuperado do susto, coragem em punho, caminhou ao encontro do mar. Ela estava lá.  À sua espera. Ela e o mar. Um quadro emoldurado para em sua mente eternamente habitar.

O encontro, o sorriso, o suspiro, o som das ondas a embalar. Um enlace perfeito que aguardava só o tempo certo para se concretizar.

A alegria, a saudade, a coragem em se lançar. Seguir a partir dali.  Rumo ao infinito. No claro ou escuro, ter a certeza de que juntos navegariam naquele mesmo mar.

A paz passeava por ali com a brisa a soprar. Ali começava para eles um novo céu. Uma nova terra eles iriam habitar e para sempre seus olhos iriam se sustentar.

Depois do encontro não foram mais vistos. Diante daquele imenso mar, não deixaram sinais ou vestígios. Só se sabe que, naquele instante, o amor escolheu a casa deles pra morar. (Thiago Camara)