Está em cartaz
um filme leve, belo e emocionante. “Irmã Dulce”, de Vicente Amorim, traz a
história da freira baiana que não teve medo de regras e não se omitiu em
enxergar “o próximo como a ti mesmo”, com grifo, como disse certa vez em
uma entrevista.
Obstinada,
perseverante, humana. Irmã Dulce foi uma missionária incansável nas ruas de
Salvador. Recolhia os marginalizados, cuidava dos doentes e, sobretudo, dava a
tantas pessoas a oportunidade de ter dignidade – “o que deveria ser essencial”
– em mais uma de suas frases certeiras.
Bianca Comparato
e Regina Braga dão vida à jovem freira que tinha intimidade com Deus e com seu
santo de devoção, Antônio. Suas cenas revelam uma mulher atrevida e ousada que
não media esforços para ajudar o próximo. Conhecida como o “Anjo Bom da Bahia”,
Dulce foi além das paredes do convento para expressar a sua fé. Quebrando
regras da congregação ia para as ruas da capital baiana, à noite, se encontrar
com aqueles que davam sentido à sua crença.
Para cuidar dos
seus pobres ela pedia dinheiro em todos os lugares. Das feiras aos gabinetes
dos políticos. Conseguiu inaugurar um hospital onde antes se localizava o
galinheiro do Convento de Santo Antônio. E não parou mais até seu falecimento
em 1992.
O Brasil tem a
oportunidade de conhecer nas telas dos cinemas um tipo de gente profundamente
comprometido com a humanidade. Ver a história de Irmã Dulce humaniza e é
exemplo de diálogo, fé, esperança e caridade.
Apesar do seu processo de canonização estar em
andamento no Vaticano, para o povo baiano Dulce já é uma santa dos nossos
tempos. Os números das Obras Sociais que iniciou revelam um verdadeiro milagre.
São 4 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano utilizados por usuários do
Sistema Único de Saúde (SUS), 1.005 leitos para o atendimento de patologias
clínicas e cirúrgicas e mais de 10 mil cirurgias realizadas por ano. Para um
local que era um galinheiro ser transformado em hospital e ainda servir à
população é o maior sinal de que o legado de Irmã Dulce permanece até os dias
de hoje. (Thiago Camara)