terça-feira, 22 de setembro de 2015

Ódio





Eu vejo ódio por todos os lados
Ódio branco, ódio negro
Ódio nos olhos, ódio no gesto
Ódio por ódio
Ódio imigrando,
Ódio se espalhando
Ódio religioso, ódio silencioso,

envenenando mentes, afastando gente...

Ódio incumbado, ódio saindo do armário
Ódio de crente, ódio pesado
Ódio que vira arma, ódio que mata
Ódio entre irmãos, ódio entre cidadãos
Ódio recorrente.


Ódio que tira a esperança da gente... 

(Thiago Camara)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Portela: a campeã sem o título


Eu vi aquela águia enorme adentrando a Marquês de Sapucaí, no segundo dia dos desfiles 2015. Suas asas abertas acolhiam o público que retribuía com empolgação. Arrepiado, pensei: “Que entrada triunfal. Essa é a Portela campeã”.

Imponente, luxuosa e cariocamente cativante. Numa mistura de modernidade e tradição, a Portela desfilou majestosa. Os membros da escola já faziam sentir que seria um carnaval diferente nos ensaios na quadra quando entoavam: “tão bela! Orgulhosamente a Portela”.

A cada setor que passava o lindo samba-enredo da azul e branco de Madureira emocionava. E foi já no final da avenida pouco antes da Praça da Apoteose que, na minha opinião, a Portela se consagrou campeã de um carnaval que não levou.

Aquela gigantesca águia redentora de asas abertas fez da sua coreografia o clímax do desfile. Para passar pela torre de imprensa, a alegoria foi abaixando, abaixando e o público vibrando, indo ao delírio, torcendo. E este repórter impactado, se viu vibrando junto, deslumbrado com tamanha genialidade de fazer do Carnaval essa necessária interação com sua platéia.


Meu coração meio Salgueiro, meio Mangueira, hoje respeita e admira a Portela. Eu vi uma campeã se consagrar na avenida. Vi um desfile triunfal. Vi uma escola buscar o tão esperado título. Vi esforço, vi alegria, vi carnaval de verdade, com samba no chão e na voz. Mas os jurados não viram... Talvez não tenham assistido o mesmo desfile que eu vi.

Thiago Camara é jornalista e trabalhou no Carnaval 2015 fazendo a cobertura dos Desfiles do Grupo Especial para o Portal IG.      

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Perdida vida



Vida humana perdida.
Se morrem 20 poucos na França, comoção mundial. 
Já na Nigéria mais de 2000 se vão e não se vê manifestação. 
Que diferença faz? 
Os pobres alegres do continente esquecido nunca serão capa de jornal.
A burguesia atingida é lucro, oportunismo e a hegemonia sempre prevalece.
Europa continente rico, tragédia é anormal. 
Mama África pobrezita sempre será relegada a vergonha internacional.
Vida humana perdida? 
Não. 
Depende da sua cor, do seu lugar no mapa, da sua relevância. 
Ou serás para sempre Perdida vida humana... (Thiago Camara)