quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mãos que se juntam



Suas mãos estavam separadas. Não se olhavam, não se falavam, nunca mais haviam se encontrado. Estavam secas, ásperas, machucadas. Sentiam o peso do cansaço. Queriam apontar para o rumo certo e sair daquela estrada deserta onde não se enxerga um novo céu.
As mãos viviam desiludidas. Sonhando, deixaram de esperar. Esperando, deixaram de rezar. Seguindo, esqueceram de se reinventar. Faltava chegar aquele tempo. O momento oportuno para transformar a dor em fruto. Deixar a alegria desbancar o luto. Era um sinal. Era real, era, enfim, Natal.
Suas mãos voltaram a se tocar. Juntas se fortaleceram e voltaram a sonhar. Permaneceram unidas naquela fé de esperar. Sabiam que agora sim poderiam se transformar. Indicar novos caminhos, buscar outras soluções, se lançar no vazio para preenchê-lo com decisão.

E foi só o menino nascer que as mãos também se lembraram de agradecer. Por todos os dons que Ele fez nelas renascer. Pela vida nova que elas voltariam a se abastecer. E pela certeza de Ele nunca se esquece de quem um dia quis o reconhecer.   

Feliz Natal!
            Que Jesus renasça e renove a sua esperança,
            Thiago Camara 
  

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Gramática da vida




Alguns de nós nascemos com várias exclamações. Outros vêm ao mundo por um caminho de reticências. Não sabem bem se chegam ao próximo parágrafo de suas vidas. Ou se seus criadores o querem ver finalizar o enredo que mal começaram a esboçar.
E seguimos rascunhando nossas linhas, entre vírgulas e filosofias de uma receita que não pode ser vendida como solução para a felicidade pretendida. Os períodos precisam ter coerência, nem sempre concisão. Às vezes somos alertados por dois pontos que explicam o que precisa ser essencial. Separamos as sílabas fortes para os dias em que perdemos nosso norte.
Nada é muito normal na gramática da vida.  As regras podem e devem ser subvertidas. Com trema ou sem ele, nós somos responsáveis pelos fonemas que compartilhamos e devemos acolher suas conseqüências. Uma letra errada numa palavra amarga só precisa de borracha para tornar-se alva e gentil. Um aposto imposto não pode ser suficiente para conquistar um leitor desatento e ao mesmo tempo curioso.

Diretos, intransitivos ou indiretos os verbos revelam a ação do sujeito sobre seus objetos. Mas são os pontos que indicam o próximo passo. Se for pra terminar enfia logo um final. Se for continuar, mete uma exclamação e não segura a emoção. Se a dúvida pairar, não hesite em interrogar. Agora se for pra deixar no ar... Só mesmo os três pontos para deixar em aberto isso aqui, até que alguém venha e queira continuar...  (Thiago Camara)

sábado, 23 de novembro de 2013

Mudar o tom da canção



Quando a vida desafina e nada mais parece um belo e agradável som. É preciso ter coragem pra mudar o tom. Ajustar as notas, entoar novos acordes e seguir na canção. Um compasso bem marcado, nem sempre revela a harmonia de um tempo suave que ressoa pelos ares agradando mentes e corações. Um compasso desajustado pode ser só um pretexto para que a harmonia volte a impulsionar uma multidão.

O tinindo do diapasão ajuda o ouvido a sintonizar razão e emoção. O passo seguro nem sempre é certeza de exatidão. Pode ser aberta ou fechada, uma nota traz beleza e imensidão. Se um dia a gente acorda com dó de si mesmo. Sabe que no outro vem a certeza do sol que brilha mesmo tendo um ré teimando em voltar pra escuridão.

Quando tudo parecer perdido. Quando não houver mais sentido. Quando o som não soar bem, as notas saírem com ruídos e os músicos não quiserem mais cumprir seu ofício, ainda haverá um lá de esperança, um sol na lembrança de um mi daquela alegria escondida num faro de quem reconhece as curvas da vida.

O segredo pode não existir, mas o incentivo virá, donde talvez nem se possa esperar e uma voz segura vai entoar: Faça-se de si um mi maior num lá menor de rancor, tristeza e solidão. E cresça-se num ré maior onde um si menor te espera para desfrutar de um eterno sol maior a embalar sua história-canção. (Thiago Camara)

domingo, 17 de novembro de 2013

Ele, Ela e o Mar




Chegava apressado, como se o tempo o desafiasse a correr além do seu ritmo. Pensava estar atrasado para cumprir seu compromisso. Dias e noites passaram e a razão sugeria que o melhor era desistir. O coração alertava que o rumo certo era seguir. E assim o fez.

Diante daquela imensidão viu seu rosto relaxar. O vento bagunçava-lhe os cabelos. As pernas sentiam-se envolvidas pelo ar. E suas mãos suavam daquela ansiedade de esperar.

Avistou de longe um vulto. E, logo, ficou mudo. O silêncio o impedia de continuar. Teve receio de um passo em falso dar. Imaginou o que seria se tivesse voltado a toa àquele lugar.

Recuperado do susto, coragem em punho, caminhou ao encontro do mar. Ela estava lá.  À sua espera. Ela e o mar. Um quadro emoldurado para em sua mente eternamente habitar.

O encontro, o sorriso, o suspiro, o som das ondas a embalar. Um enlace perfeito que aguardava só o tempo certo para se concretizar.

A alegria, a saudade, a coragem em se lançar. Seguir a partir dali.  Rumo ao infinito. No claro ou escuro, ter a certeza de que juntos navegariam naquele mesmo mar.

A paz passeava por ali com a brisa a soprar. Ali começava para eles um novo céu. Uma nova terra eles iriam habitar e para sempre seus olhos iriam se sustentar.

Depois do encontro não foram mais vistos. Diante daquele imenso mar, não deixaram sinais ou vestígios. Só se sabe que, naquele instante, o amor escolheu a casa deles pra morar. (Thiago Camara) 

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Os sentidos do mar





Teu cheiro disputa espaço com a maresia que o vento traz das ondas.
Sua voz sussurra em meu ouvido teus desejos de me amar.
Teu toque é suave e decifra meus segredos ao acordar.
À mesa, doces divinos nos congregam. Aguçam mente e paladar.
Olhares que se fixam e se apaixonam. Encontram um no outro o descanso. Enxergam o sorriso manso. Renovam a esperança de um dia eternizar o sentimento revelado a cada novo olhar.
O mar nos brinda com seu balanço compassado, o jeito que o Criador tem de nos ensinar a nos respeitar.

Todos os sentidos renovam a fonte de alegria que é guardar um ao outro tendo o coração como lar. (Texto e Foto: Thiago Camara)

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

JMJ uma Aventura da Fé

          
           

           A Jornada Mundial da Juventude é mais que uma viagem que se faz com amigos para um país desconhecido, uma cultura nova, uma língua estranha. É uma aventura da fé*. Nas jornadas se vivem as alegrias e sofrimentos da vida. As facilidades e dificuldades do dia a dia, compartilhadas com milhares de outros jovens que nas suas realidades encontram a razão de suas vidas: Jesus Cristo.
Este Deus que veio ao mundo faz mais de 2000 anos é quem mobiliza milhares de peregrinos a um encontro de conversão, renovação e fortalecimento na vida espiritual.
         
           São dias de caminhadas longas, de muitas vezes ter fome, sede, cansaço. Nada disso, porém, é maior que a alegria de se ver no outro. Milhares de jovens compartilham contigo a mesma experiência. As dificuldades de testemunhar as maravilhas que Deus faz nas nossas vidas e atrair novos jovens para este caminho são comuns nos quatro cantos do mundo.   
         Talvez seja um pouco mais difícil, nos países onde a religião católica não é maioria. E a nobre e grande proposta da JMJ é poder revelar ao planeta a grandiosidade de uma Igreja que se une no anúncio do Evangelho. É uma Igreja viva, uma Igreja jovem que precisa encontrar o eco destes gritos nos terrenos paroquiais em que esses peregrinos habitam.
         
        É um desafio ir a uma jornada porque ela nos compromete. E este lema do Rio 2013 mais ainda: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28, 19). É como um retiro espiritual que se faz. Vive-se uma experiência transformadora, mas quando se volta para a realidade tudo continua da mesma forma, só você mudou. A grande aventura da fé é levar para o cotidiano o ardor missionário e a intensidade que vivemos as jornadas. Assumir-se filho amado imensamente por Deus e comprometer-se com Ele, mesmo quando chegam as tribulações.
         
          As JMJ’s nos estimulam a sermos jovens cristãos na alegria do louvor e das canções. Ensinam a respeitar o modo do outro de expressar sua fé (há espaço para todos. A Igreja é universal) sem acusações e julgamentos. Revelam que, se distâncias entre povos são encurtadas, as que separaram aqueles com quem convivemos diariamente devem ser abolidas. As jornadas incitam a esperança na humanidade, renovam a fé e emanam o amor por onde passam.

 Toda a aventura é um desafio. Papa Francisco lançou muitos entre nós. Se ainda falta um convite, acredite: “É possível ser cristão e ser feliz. Venha descobrir!”
 (Texto e fotos: Thiago Camara)

 *Uma aventura da fé”, assim é a Jornada Mundial da Juventude, afirmou o Cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, em seu discurso na Missa de Abertura da JMJ Rio2013, no dia 23 de julho de 2013, em Copacabana.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Via Sacra: Silêncio e devoção



A Cruz Peregrina percorreu todas as 14 estações até o palco

Silêncio e devoção deram o tom da Via Sacra, encenada na Avenida Atlântica, em Copacabana, na sexta-feira, 26 de julho. Cerca de 1,5 milhão de pessoas reviveram o sofrimento de Cristo junto com o Papa Francisco que deu início a celebração pontualmente às 18h. O evento, um dos Atos Centrais da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), foi realizado por mais de 300 artistas e voluntários.  O texto utilizado na meditação das 14 estações foi escrito pelos padres dehonianos  Zezinho, SCJ e Joãozinho, SCJ.
- O silêncio que os jovens fizeram foi incrível. Comparando com o barulho que estava antes. Hoje seus corações ficaram quietos e se prepararam para ouvir o que o Santo Padre queria dizer”, disse a argentina Penélope Chávez, de 17 anos.
E a multidão de fato silenciou para o pontífice falar que Jesus se une a cada um dos seus filhos, nas alegrias e sofrimentos. Ele citou a dor das famílias que perdem seus jovens pela violência e citou tragédia da Boate Kiss, ocorrida em fevereiro deste ano, em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
“Com a cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, como no caso dos 242 jovens vítimas no incêndio na cidade de Santa Maria no princípio deste ano. Rezemos por eles”.
A concentração dos jovens durante toda a encenação foi marcante. Seja acompanhando as estações a pé, seja sentado diante dos telões espalhados pela orla. Irmã Ana Paula, de Rio Verde, Goiás, afirma que a juventude se entrega às celebrações como a Via Sacra por encontrar sentido nelas.  

A cantora Elba Ramalho participou da sexta estação da Via Sacra

- Aquilo que toca profundamente o jovem faz com que ele tome essa atitude que nós presenciamos hoje, de calar e contemplar o que é mostrado. Além disso, as atitudes do Papa fazem com que eles se coloquem por inteiro diante do momento que está sendo celebrado, disse ela.
O cortejo em que estava a Cruz Peregrina, ícone da JMJ, chegou ao palco principal às 19h, onde sete jovens representando os continentes do planeta fizeram preces pelas suas regiões. Em seguida, o Papa Francisco falou para a multidão sobre a certeza da fidelidade de Cristo em todos os momentos da vida:

“Queridos Jovens, viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. (...) ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. (...) A cruz deixa (em nós) um bem que ninguém pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós”.
(Texto e Fotos: Thiago Camara)

sábado, 3 de agosto de 2013

Acolhida calorosa ao Papa



À espera do Papa Francisco, em Copacabana, foi de muito frio, ansiedade e expectativa. Jovens de idade e espírito lotaram a Avenida Atlântica que foi percorrida pelo papa móvel no início da noite de quinta-feira, 25 de julho. Bandeiras e blusas de vários países enfeitavam as grades que isolavam o trajeto. Entre elas, a da Argentina de Bergoglio com a família Angheben que desde às 15h aguardava a chegada do seu conterrâneo.
- Ele está muito emocionado e ansioso como nós estamos. Ele demonstra que quis nos encontrar aqui e revelar que é nosso pai, disse emocionado Daniel Angheben.
Daniel levou à Copacabana, a esposa Carolina Martin e os filhos Tadeu, Simon e Alejis. Ela elogiou o calor humano dos cariocas que fez a família esquecer os dias de frio que passaram na cidade. Tadeu Angheben, o filho mais velho do casal, estava empolgado com a oportunidade de ver o Papa.
- É muito importante estar aqui com o Francisco porque ele traz uma renovação. Ajuda muito a nós jovens a seguir adiante, rezando e sentimo-nos bem conosco mesmos, explicou Tadeu que tem 13 anos.


Família Angheben veio de Buenos Aires saudar seu conterrâneo
Quem se sentiu muito bem na Acolhida do Papa foi a menina Beatriz Fonseca, de 8 anos. Ela veio de Teresina, no Piauí, com a avó e ganhou um beijo e um abraço de Francisco. Entre os postos 5 e 6 da Atlântica, como já havia feito em sua passagem de papa móvel, o pontífice parou diante da menina e a abençoou.
Beatriz e sua avó Maria do Desterro: emoção ao ser abraçada pelo Papa

- Até esperava encontrar o Papa quando vim ao Rio. Mas foi muito melhor que tinha imaginado. Senti muita emoção. Todo sábado vou para igreja com minha mãe, avó, avô. Quando eu voltar para Teresina vou contar pra todo mundo que o Papa me beijou. Na verdade acho que todos já sabem porque viram na televisão, contou a menina com alegria.
Beatriz vai levar de ensinamento desta passagem de Francisco pelo Brasil, sua disposição e alegria.
- A gente tem que aprender com o Papa a simplicidade, a honestidade, alegria que ele tem. Ele não fica triste, não fica sério. Ele não é preocupado. A gente tem ser assim também, afirmou.
Como as famílias de Beatriz e de Daniel, milhares se reuniram na Praia de Copacabana para saudar a passagem do Santo Padre. O relacionamento dos brasileiros com suas famílias chamou a atenção do indiano Blasius Dsouza. Ele veio com um grupo de amigos que trabalham e servem à Igreja em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.


Grupo de indianos ficou encantado com a hospitalidade do carioca


- A relação das crianças e seus pais é maravilhosa. Nos orgulha muito ver isso. Os brasileiros são exemplo de respeito e carinho entre as famílias. É um modelo para o resto do mundo. A família é a verdadeira revolução do amor, afirmou empolgado. (Texto e Fotos: Thiago Camara/ Foto do Papa: Carlos Eduardo dos Anjos/JMJ Rio2013)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Um Papa na esquina


Papa Francisco passa pelas ruas da Glória (Fotos: Aline Corte Real)


Já era anunciado desde março que ele viria ao Rio, para Jornada Mundial da Juventude. O que ninguém esperava era que em uma semana o Papa Francisco se transformasse numa presença amiga, constante, marcante e surpreendente por onde passasse.
Assim o foi. Logo na sua chegada, o simpático hermano enfrentou o caos do trânsito carioca. Nada que não fizesse em sua Buenos Aires onde pegava ônibus e metrô para se locomover. Na Presidente Vargas, ele sentiu na pele o que passa o cidadão todos os dias na hora do rush. O povo na rua o acolhia. E ele, dentro de um carro popular, não mudou seu humor. Acenou, sorriu, abençoou. E preocupou as autoridades que trocaram farpas entre si sobre a responsabilidade do erro de segurança.


Os dias se seguiram e era comum ver Francisco sempre com as janelas abertas, transitando pela cidade. Os batedores anunciavam o amigo que viria para mais um compromisso da sua lotada agenda. Ele passou pela Glória, Praça da Bandeira, Rio Comprido, Botafogo, entre outros bairros. Deixava uma esperança no ar. Uma certeza de ser portador de um Deus da paz.
O que Bergoglio fez enquanto Francisco não é muito diferente do que fazia em Buenos Aires. Hoje ele é motivo de orgulho entre os de lá como me contaram vários peregrinos argentinos. Seu trabalho pastoral, principalmente entre as áreas pobres da capital da Argentina, estava impregnado na sua primeira visita apostólica. E suas atitudes conquistaram os brasileiros. Católicos ou não.
Francisco foi humano. Como seu santo homônimo. E por ter sido, assim espontâneo ainda causa estranheza em alguns que veem suas atitudes como estratégicas. Podem até ser. Mas num mundo sedento por referenciais, na ausência de líderes coerentes com seus propósitos, o Papa emerge e se destaca. Porque não só faz seu discurso e manda que os outros façam o que diz, ele realmente vive o que prega.


Nestes dias de JMJ no Rio, o costume de ver o Papa em cada esquina virou festa, alegria, muitas vezes euforia. E em nenhum momento este homem foi pedante e indiferente, como vimos muitos que saem das sacristias, pastorais e movimentos certos de que o céu a eles já está garantido.

Francisco ensinou muito com seus discursos e homilias. Na força com que entoava suas palavras. Porém, o seu legado para esta cidade e para o mundo é de que é possível viver uma vida cristã autêntica, alegre, jovem, comprometida e coerente. Sendo você mesmo. E que a mesma acolhida que sentimos de sua parte a cada bênção, aceno, sorriso e abraço por ele dado, seja agora nosso referencial de conduta enquanto cristãos católicos. Assim as pessoas voltarão a sentir prazer em frequentar a casa do Pai e ocuparão os bancos vazios da igrejas. (Thiago Camara)

Jornada franciscana

            
Religiosos da Ordem dos Frades Menores vieram até da Terra Santa para a JMJ


           O nome escolhido pelo Cardeal argentino Jorge Bergoglio foi o do jovem revolucionário de Assis. A inspiração surgiu de uma fala do Cardeal Arcebispo Emérito de São Paulo, Dom Claudio Humes para ele: “não se esqueça dos pobres”. O franciscano da Ordem dos Frades Menores confirmou este fato. E em entrevista a TV Bandeirantes, Dom Claudio disse que a visita do Santo Padre traz uma mudança na Igreja nacional e mundial.
            - Ele (o Papa) está trazendo uma alma nova para todos nós aqui no Brasil. A JMJ vai trazer uma renovação na nossa juventude. Renovar a fé nos nossos jovens neste mundo de hoje, afirmou.
A Jornada Mundial da Juventude deu visibilidade a milhares de irmãos e freis que consagraram sua vida a Deus a partir do carisma de Francisco. A Juventude Franciscana (Jufra) realizou um encontro pré-jornada, em São João Del Rey, Minas Gerais. Cerca de 200 jovens de 19 nacionalidades diferentes participaram e depois seguiram para o Rio.
Vindos de várias partes do mundo, até da Terra Santa, os franciscanos esbanjaram entusiasmo e alegria ao verem seu patrono ser representado pelo pontífice. Como Frei José Moraes, OFM, 24 anos e missionário em Angola. Ele acredita que melhor do que as palavras são os testemunhos que viu do Papa neste dias de JMJ.
- O nome não diz nada. O que diz são as atitudes que ele está apresentando à Igreja. Uma nova visão. Uma Igreja missionária, mais verdadeira e carismática.
Frei Bruno Vardiano, OFM, 40 anos, trabalha na Custódia da Terra Santa, em Israel. Lá onde Jesus nasceu, viveu, morreu e ressuscitou, a minoria, 1,8% da população, professa o cristianismo. Estar no Rio, para ele é um tempo de revigorar as forças.  
- Venho aqui trazer o anúncio da Igreja de Jerusalém de que Jesus ressuscitou. Venho trazer a notícia de que o túmulo está vazio. Vou levar essa empolgação da juventude para meu serviço pastoral. E nesses dias estou vivendo a alegria da ressurreição, disse.

Frei Luiz Carlos Rodrigues da Ilha Grande a Copacabana pra ver Francisco

Missionário na Ilha Grande-RJ, Frei Luiz Carlos Rodrigues, do Instituto dos Frades de Emaús, decidiu participar da Jornada de última hora. Não se inscreveu como peregrino, mas a empolgação em ver o Papa estava estampada no seu sorriso.
- Ele é uma presença profética para Igreja e para o mundo. Que vem denunciar o mal, a corrupção, o apego aos bens materiais. Ele nos mostra nesse despojamento o essencial da vida: amar a Deus, amar os irmãos e viver com simplicidade.

Alegria de Francisco no rosto dos religiosos da Providência de Deus

Vinte quatro pessoas ligadas à congregação dos Franciscanos na Providência de Deus vieram de São Paulo ao Rio para testemunhar o encontro do Papa com os jovens. Frei Carlos Burdini, de 27 anos, ficou surpreendido pela quantidade de jovens que viu nas ruas e tem esperança de tempos melhores para o mundo.
- O que mais me marcou nesta JMJ foi ver essa juventude cheia de Deus, sedenta da sua presença e dessa simplicidade. O mundo mostra que mais importante é ter do que ser. O Santo Padre diz que devemos Ser pobres, ser simples, ser jovens, e o mundo vai reconhecer isso, frisou. (Thiago Camara)

domingo, 21 de julho de 2013

Fé renovada na Semana Missionária



Oitenta jovens da Guatemala viveram a Semana Missionária em Magé 

Peregrinos da América Latina, Europa e até da Oceania viveram a Semana Missionária em dioceses do Regional Leste 1. Nova Friburgo, Petrópolis, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, entre outras cidades acolheram jovens de realidades bem diferentes da brasileira. O encontro termina neste domingo, 21 de julho, e foi uma preparação para a Jornada Mundial da Juventude que começa terça-feira, 23 de julho, no Rio.
Hospitalidade, entusiasmo, alegria, simplicidade e a fé do jovem brasileiro foram características que impressionaram os peregrinos de outros países. Melania Luka –Lui atravessou o globo para conhecer a Diocese de Duque de Caxias e vai voltar para sua Nova Zelândia com coragem para anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.
- A Igreja na América do Sul é um exemplo para todos nós. Vocês não têm vergonha de expressar a fé. Estar aqui nos encoraja a seguir nossa missão e pode ajudar os trabalhos que fazemos com a juventude de lá. Além disso, vocês nos revelam a simplicidade da vida, afirmou emocionada.


Na Diocese de Caxias peregrinos dos EUA, Dinamarca, Nova Zelândia e Índia

Esta simplicidade e um chamado do Espírito Santo atraíram o canadense Michel Thompson que veio com a família para Jupaíba, Diocese de Nova Friburgo. Ele conta que em oração decidiu vir ao Rio para a JMJ e teve revelado o local para ficar durante a Semana Missionária.
- Orei muito e de alguma forma Nova Friburgo veio ao meu coração. O Espírito Santo mostrou-nos a rota para chegar até aqui. Queríamos mesmo ficar fora das grandes cidades, ver o campo, conhecer o modo simples como as pessoas vivem, conta.
Em Magé, Diocese de Petrópolis, jovens da Venezuela e da Guatemala se encantaram com a alegria e empolgação dos brasileiros nas atividades realizadas durante a preparação para a JMJ. Maria Fernanda, da Guatemala, revela que quer incendiar a igreja de lá com seu testemunho e esperança do que viu no Brasil. Seu conterrâneo, Edwin José, também acredita que os exemplos do Papa Francisco podem contagiar os jovens guatemaltecos a seguirem firmes na fé.
- Muitos crêem que a Igreja está morta. Queremos mostrar o contrário, explica Gerson Oswaldo, também da Guatemala.
Italianos mostram uma Igreja viva na Diocese de Nova Iguaçu
A experiência missionária impactou a vida dos paroquianos de Nossa Senhora de Fátima, em Belford Roxo, Diocese de Nova Iguaçu. Como Matheus Salino, 18 anos, que coordenou a acolhida e hospedagem de italianos, argentinos e paraguaios.
- Posso levar para minha vida pessoal a certeza de que sou capaz de viver com qualquer pessoa. Principalmente as diferentes de mim. (Thiago Camara)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Manifestação em Fortaleza



Em Fortaleza, a seleção brasileira venceu o segundo jogo na Copa das Confederações. Mas o placar de 2 a 0 em cima do México, não foi o mais importante. Mais uma vez manifestações tomaram o país. O entorno do estádio Castelão não ficou imune. 50 mil pessoas participaram do ato de protesto contra corrupção nos gastos com os estádios. Segundo o estudante, Lucano Lobo este foi o maior ato que ele já participou, na capital do Ceará. Leia o relato feito por ele abaixo:   



“A galera começou a se concentrar no Makro, antes das 10h da manhã. Eu e alguns amigos chegamos lá era pouco mais de 11h e já tinham cerca de 5 a 6 mil pessoas. Tentamos esperar até às 12h, como ficou marcado a ato de sair, porém a galera agitou muito, muito, muito e acabamos indo.

Passamos por uma primeira barreira só da AMC (Autarquia Municipal de Trânsito Serviços Públicos e Cidadania), um órgão que cuida do trânsito. Antes mesmo da gente passar, eles retiraram os carro do caminho.
Logo quando chegamos na linha com a cavalaria, eu estava mais afastado da linha inicial.  A marcha ficou estagnada. Foram palavras de ordem para lá e para cá... Por quase 30 a 40 minutos, houve muita agitação. Ao final deste tempo, uma palavra de ordem pedia à cavalaria para recuar. Ela recuou para trás do choque, a gente avançou mais alguns metros. Alguns amigos meus, nesse momento, estavam na frente e relataram que o choque tava provocando a galera, apareceu um esquentado e a gente ouviu o primeiro tiro. Todo mundo se calou, prestou atenção, o povo da frente começou a correr mais para trás.

Depois eram começaram a ser lançadas de 15 a 20 bombas de gás por vez. A gente avançava, dispersava, se reorganizava e voltava ao ponto onde o choque estava. Isso tudo ocorreu ao lado de algumas casas, a galera subiu no telhado e começou a jogar pedras. O choque recuou. Quando a gente avançou, eles começaram de novo e encurralaram uma galera que correu para uma ‘ruazinha’. Neste local tinha um carro da AMC, e a galera virou o carro e, ou ele pipocou sozinho ou botaram fogo nele. Não deu para ver direito.

Entre 13h30min e 14h, os torcedores do jogo começaram a chegar.  Neste instante, o choque parou de jogar bomba de gás, mas partiu para o cacete de quem tentasse passar, e eles eram 300 (no início), além de um ônibus que chegou nessa hora. Com isso, e não conseguindo mais avançar, a galera partiu pela Rodovia BR 116 onde havia uma longa caminhada até a próxima barreira policial... Eu, particularmente, andei até às 16h, hora que o jogo começava. Uma companheira nossa começou a passar mal, não havia comido direito + gás +desespero+uma doença que ela ainda não tinha curado direito. Conversamos com a polícia estadual daqui, que estava fazendo o apoio e fomos para um hospital, quando eu cheguei lá o jogo tinha começado.

Conversando com outras pessoas, parece que a barricada final foi a mais agressiva. O jogo já estava acabando e eles queriam dispersar mais rápido. As balas de borracha que eram poucas, até antes, foram grande maioria, as bombas de efeito moral foram lançadas por helicópteros e etc...” (Lucano Lobo*)


*Lucano Lobo é estudante da Universidade Federal do Ceará e escreveu seu relato para este Blog. 

terça-feira, 18 de junho de 2013

"O Congresso é nosso"



Eles achavam que tinham vencido. Levaram nossa dignidade. Roubaram até nossos ideais. Mas os 20 centavos nos fizeram descobrir quanto vale mudar o curso da história. O povo despertou do coma profundo. Quase duas décadas de inércia, paralisia alienante, desembocaram num grito inflamado, que reverberou pelas ruas do país.

Um formigueiro humano no Centro do Rio. Uma multidão nas ruas de São Paulo. Momentos pra eternidade. Mas nesse 17 de junho, não houve momento mais emblemático, ato mais simbólico, do que a tomada pacífica do Congresso Nacional.
O centro das decisões políticas do país virou o epicentro dos protestos na capital. A melhor representação pro que há de pior na política brasileira ontem ganhou um novo sentido. A marcha começou lenta, subindo a Esplanada a caminho do alvo final. As armas? Faixas, cartazes e o grito preso na garganta que ecoou já próximo ao espelho d´água: "O Congresso é nosso", avisavam os manifestantes.

Dez mil vozes bradando, em uníssono, contra a completa desmoralização da política brasileira. A perpetuação de Sarneys, Felicianos, Renans (e Agnelos, na esfera distrital). Os gastos abusivos da Copa do Mundo e das Confederações. Os instrumentos e mecanismos legais pra garantir a impunidade - traduzida na PEC 37.

Um movimento apartidário, que se vê agora numa encruzilhada: Que caminho seguir? Que agenda política adotar? Respondo a esses questionamentos com outra pergunta. Quem se importa? Melhor um povo que se move por várias causas do que um que se cala por nenhuma.

Brasília estancou um verdadeiro conflito DE gerações - não ENTRE gerações! Os mais velhos revivendo o passado na eterna luta pelo país do futuro que ainda não chegou.

Mas a cara do movimento tinha mesmo espinha no rosto e a coragem típica dos jovens. Eles saíram do facebook. E , como nossos pais já diziam, descobriram que viver é melhor que sonhar. Muitos deles sequer podem votar. Mas já entenderam que basta um pouco de vontade pra mudar o país. Outros, viviam uma espécie de iniciação política – não sabiam bem porque estavam lá, mas impulsionaram o movimento fazendo coro ao grito.

A essa altura, a barreira policial já não conseguia conter os manifestantes, que vinham por todos os lados. Invadiram o teto, ao lado das cúpulas da Câmara e do Senado, imprimindo um novo conceito à estéticaniemeyeriana. O monumento projetado pra que pudesse ser visto a quilômetros de distância, agora mostrava uma faceta desconhecida da cidade.

A rampa do Congresso escoou a multidão que ali se aglomerava e encurtou o caminho para a última trincheira antes da invasão, que parecia iminente.

Milhares reunidos no gramado, a apenas alguns metros do vidro que protege a casa. A veia saltava. O coração acelerava. As pupilas dilatavam. Braços em riste. Quem ali nunca sonhou em fazer justiça com as próprias mãos? Mas esse não seria o desfecho de uma noite gloriosa. Me pergunto se essas horas de tensão serviram pra amadurecer mais a democracia do país ou os jovens que ali estavam.

Histórias cruzadas que ainda vão se entremear tantas vezes - nas urnas, nas ruas ou, porque não, no próprio Congresso? Os manifestantes voltaram pra casa de alma lavada, só que o protesto não parou por ali.


O recado foi dado: ninguém aguenta mais! Eles podem até tapar os ouvidos. Fechar os olhos. Silenciar diante do povo. Mas, com certeza, sentiram o golpe. (Gustavo Serra*)
Gustavo Serra é jornalista, mora em Brasília e acompanhou a tomada histórica e pacífica do Congresso Nacional. "A casa do povo", como é conhecida, assim o foi naquela noite de segunda-feira. 

A rua a quem ela pertence


Ponte estaiada repleta de paulistanos na manifestação de segunda-feira

“O povo acordou” – e não vai mais dormir. A frase entoada nos quatro cantos do Brasil, nesta segunda-feira, era a síntese do que se via por todos os lados: já passava de meia-noite e milhares de pessoas continuavam nas ruas – e nas redes sociais – compartilhando emoções, imagens e memórias de um dia que já virou História no país.
Nunca uma segunda-feira foi tão esperada por tantas pessoas. Cem, duzentas, trezentas mil... O número exato já não importa. O Brasil saiu às ruas como não fazia há tempos. E gritou o que estava entalado na garganta. Não se tratava mais – ou apenas – de 20 centavos. O que começou com uma indignação pelo aumento das tarifas do transporte público virou algo muito maior. Depois de manifestações reprimidas violentamente pelo Estado, as pessoas saíram de casa para relembrar que o espaço da democracia é a rua.
Em São Paulo, a cidade que nunca para – a não ser nos engarrafamentos – milhões de automóveis sumiram do caminho para dar lugar a milhares de pessoas. Mas não foi só ali. Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Maceió, Belém, Rio Branco... Os protestos se espalharam como pólvora por todo o país.
Mas de pólvora quase nada se viu. O que explodiu no asfalto, dessa vez, foi a mais pura brasilidade. Daquelas que otimismo, criatividade, bom-humor e repulsa  cabem num mesmo cartaz, num mesmo grito de guerra. Democracia, educação, saúde, fim da corrupção, direito à manifestação pacífica, transporte público acessível e de qualidade... Estava tudo ali, num mesmo caldo de reivindicações.
E que, aquilo que nasceu da indignação pelo aumento das tarifas do transporte público, não fique sem resposta. Os governos precisam ceder à pressão da população e oferecer uma solução para a questão do alto preço do transporte, além de se abrir para a elaboração participativa dos planos de mobilidade das cidades.
Após décadas e décadas de incentivo ao transporte privado, está na hora de repensar este modelo exaurido e garantir volumosos recursos em transporte coletivo. O problema da mobilidade urbana nos grandes centros urbanos brasileiros não pode mais ser ignorado. O principal caminho para solucioná-lo é um transporte coletivo acessível e eficiente. (Bernardo Camara*)
*Bernardo Camara é jornalista e morador de São Paulo, de onde participou da histórica noite de segunda-feira, 17 de junho de 2013

segunda-feira, 17 de junho de 2013

#oGiganteAcordou



O Gigante acordou. E não acordou rude, mal humorado, desalinhado. Levantou de um longo sono unido, bonito, pacífico, ordeiro, intenso. Na histórica segunda-feira, 17 de junho, o Gigante reuniu cerca de 250 mil pessoas, em onze capitais, simultaneamente. Impulsionados pelas redes sociais, milhares de jovens saíram do sofá e foram protestar nas ruas. No Distrito Federal, o Congresso Nacional foi tomado por manifestantes de forma pacífica. Emblemática noite de segunda-feira
Mar de gente na Av. Rio Branco. E não era carnaval. Era manifestação 
O Rio de Janeiro reuniu 100 mil pessoas. Todo o tipo de gente no asfalto da Rio Branco. Eram jovens do Ensino Médio, universitários, trabalhadores em geral. Uma brava gente, bem brasileira que cantava palavras de ordem contra o aumento da passagem de ônibus e os gastos com a Copa do Mundo.
O clima era ameno. E uma comunhão de insatisfação gerou um belo espetáculo de cidadania. No asfalto, os jovens eram maioria. No alto dos prédios, pessoas incentivavam a manifestação. Acenando, jogando papeis e piscando as luzes das janelas demonstrando adesão. Lá embaixo, a galera ia à loucura. Sentiam que estavam fazendo história.
Theatro Municipal ocupado sem danos ao seu patrimônio
Os manifestantes atuaram de forma organizada ao longo do trajeto da Candelária à Alerj. Já na rua Primeiro de Março, uma minoria destoou do movimento pacífico e tentou manchar com vandalismo e violência uma noite majoritariamente de paz. As emissoras de tevê aberta até tentaram exaltar só este fato. Mais uma vez as redes sociais, revelaram seu protagonismo. Era de lá que vinha a verdade. O movimento foi registrado por posts, tweets, comentários, fotos. Na Cinelândia, o Theatro Municipal foi tomado em suas escadarias e janelas e emitiu nota, pelo Facebook,  "que durante a manifestação nenhum dos seus prédios sofreu qualquer dano, apesar do grande número de pessoas que participaram da passeata de hoje à noite". 

O Gigante acordou no momento certo. Os olhos do mundo estão voltados para ele. Mostrou sua cara. Sua juventude não é alienada e pode ser engajada. Como já havia acontecido pelo mundo, hoje vimos que no Brasil: “o post é a voz que nos libertará”. Agora é a hora de sair do sofá. (Texto: Thiago Camara. Fotos gentilmente cedidas por Arthur William)  

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Tudo nada




Nada tudo esconde o medo do desejo absoluto
Tudo nada mais é fonte de um porto seguro
Nada tudo se rompe no pulsar da dor do luto
Tudo nada espera um olhar profundo
Nada tudo encanta um coração puro
Tudo nada pode ser perfeito
Há de haver defeito
Um sinal vermelho
Um amor desfeito
Um olhar sem jeito
Uma vida rara
Uma paz sonhada
Uma mulher amada
Uma folha amassada
Uma tristeza... passa
Um tudo... nada
(Thiago Camara)