segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O vento



Foto: Thiago Camara
O vento passando pela Praia de Itaúna, Saquarema-RJ
  

O vento passou e levou todo o medo de morrer. Com força e som impulsionava o homem a desejar, naquele instante, mais viver. Seguia seu caminho cansado e intrigado sobre as dificuldades que enfrentava em precisar crescer.
Lembrou-se dos tempos de criança. Fixou na memória a arte de brincar, a ingênua alegria, mas, sobretudo, uma vontade enorme de ser. Ser espontâneo, sincero, aberto, um tanto quanto receoso, nunca, porém, um fraco medroso.
A juventude fora intensa. E de tão boa já deixava saudades antes mesmo de deixar de ser realidade. As dores das descobertas, as angústias das incertezas, a alegria da novidade. Cada ousadia, cada aprendizado e superação faziam com que o homem quisesse, para sempre, permanecer neste estado de pulsação.
De verdade, ainda se impactava com as responsabilidades da vida adulta. Era como o mar que batia revolto, como se não quisesse aceitar a força do vento a lhe empurrar.
O vento passou e levou sua aparência destoante. Jeito de ser carregado, os entulhos diários, as mágoas e decepções de um coração machucado, tudo sumia para dar espaço a uma essência brilhante. Com sua força, o vento passou e trouxe de volta a alegria vibrante, o olhar excitante e um desejo sincero de seguir adiante. (Thiago Camara)

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