sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Um Papa na esquina


Papa Francisco passa pelas ruas da Glória (Fotos: Aline Corte Real)


Já era anunciado desde março que ele viria ao Rio, para Jornada Mundial da Juventude. O que ninguém esperava era que em uma semana o Papa Francisco se transformasse numa presença amiga, constante, marcante e surpreendente por onde passasse.
Assim o foi. Logo na sua chegada, o simpático hermano enfrentou o caos do trânsito carioca. Nada que não fizesse em sua Buenos Aires onde pegava ônibus e metrô para se locomover. Na Presidente Vargas, ele sentiu na pele o que passa o cidadão todos os dias na hora do rush. O povo na rua o acolhia. E ele, dentro de um carro popular, não mudou seu humor. Acenou, sorriu, abençoou. E preocupou as autoridades que trocaram farpas entre si sobre a responsabilidade do erro de segurança.


Os dias se seguiram e era comum ver Francisco sempre com as janelas abertas, transitando pela cidade. Os batedores anunciavam o amigo que viria para mais um compromisso da sua lotada agenda. Ele passou pela Glória, Praça da Bandeira, Rio Comprido, Botafogo, entre outros bairros. Deixava uma esperança no ar. Uma certeza de ser portador de um Deus da paz.
O que Bergoglio fez enquanto Francisco não é muito diferente do que fazia em Buenos Aires. Hoje ele é motivo de orgulho entre os de lá como me contaram vários peregrinos argentinos. Seu trabalho pastoral, principalmente entre as áreas pobres da capital da Argentina, estava impregnado na sua primeira visita apostólica. E suas atitudes conquistaram os brasileiros. Católicos ou não.
Francisco foi humano. Como seu santo homônimo. E por ter sido, assim espontâneo ainda causa estranheza em alguns que veem suas atitudes como estratégicas. Podem até ser. Mas num mundo sedento por referenciais, na ausência de líderes coerentes com seus propósitos, o Papa emerge e se destaca. Porque não só faz seu discurso e manda que os outros façam o que diz, ele realmente vive o que prega.


Nestes dias de JMJ no Rio, o costume de ver o Papa em cada esquina virou festa, alegria, muitas vezes euforia. E em nenhum momento este homem foi pedante e indiferente, como vimos muitos que saem das sacristias, pastorais e movimentos certos de que o céu a eles já está garantido.

Francisco ensinou muito com seus discursos e homilias. Na força com que entoava suas palavras. Porém, o seu legado para esta cidade e para o mundo é de que é possível viver uma vida cristã autêntica, alegre, jovem, comprometida e coerente. Sendo você mesmo. E que a mesma acolhida que sentimos de sua parte a cada bênção, aceno, sorriso e abraço por ele dado, seja agora nosso referencial de conduta enquanto cristãos católicos. Assim as pessoas voltarão a sentir prazer em frequentar a casa do Pai e ocuparão os bancos vazios da igrejas. (Thiago Camara)

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