terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Irmã Dulce



Está em cartaz um filme leve, belo e emocionante. “Irmã Dulce”, de Vicente Amorim, traz a história da freira baiana que não teve medo de regras e não se omitiu em enxergar “o próximo como a ti mesmo”, com grifo, como disse certa vez em uma entrevista.

Obstinada, perseverante, humana. Irmã Dulce foi uma missionária incansável nas ruas de Salvador. Recolhia os marginalizados, cuidava dos doentes e, sobretudo, dava a tantas pessoas a oportunidade de ter dignidade – “o que deveria ser essencial” – em mais uma de suas frases certeiras.

Bianca Comparato e Regina Braga dão vida à jovem freira que tinha intimidade com Deus e com seu santo de devoção, Antônio. Suas cenas revelam uma mulher atrevida e ousada que não media esforços para ajudar o próximo. Conhecida como o “Anjo Bom da Bahia”, Dulce foi além das paredes do convento para expressar a sua fé. Quebrando regras da congregação ia para as ruas da capital baiana, à noite, se encontrar com aqueles que davam sentido à sua crença.

Para cuidar dos seus pobres ela pedia dinheiro em todos os lugares. Das feiras aos gabinetes dos políticos. Conseguiu inaugurar um hospital onde antes se localizava o galinheiro do Convento de Santo Antônio. E não parou mais até seu falecimento em 1992.  

O Brasil tem a oportunidade de conhecer nas telas dos cinemas um tipo de gente profundamente comprometido com a humanidade. Ver a história de Irmã Dulce humaniza e é exemplo de diálogo, fé, esperança e caridade.

Apesar do seu processo de canonização estar em andamento no Vaticano, para o povo baiano Dulce já é uma santa dos nossos tempos. Os números das Obras Sociais que iniciou revelam um verdadeiro milagre. São 4 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano utilizados por usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 1.005 leitos para o atendimento de patologias clínicas e cirúrgicas e mais de 10 mil cirurgias realizadas por ano. Para um local que era um galinheiro ser transformado em hospital e ainda servir à população é o maior sinal de que o legado de Irmã Dulce permanece até os dias de hoje. (Thiago Camara)

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